Dia 13 de abril de 2021, foi a data de criação do nosso primeiro quadro! Um marco especial em minha trajetória com o bordado manual. Lembro me claramente da ansiedade e do entusiasmo que me invadiram ao tomar a iniciativa de começar a bordar, sem saber ao certo o que esperar e mal sabendo pegar na agulha! Pequeno era o projeto e gigante era o desafio e significado!
Estávamos no meio da pandemia do Covid 19 e foi um momento muito importante pela aproximação que tive com a minha mãe diante da situação de confinamento mundial e aí então, eu resolvi olhar para ela e entender todo o universo que já existia desde que nasci, mas eu nunca havia parado para compreender.
Minha mãe, a dona Dilma, que hoje aos 76 anos e bordadeira desde os 10. Bordar para ela, na infância, era como a tarefa da casa: todos os dias deveria ser feito!
Sua especialidade: ponto cruz! Uma técnica linda e perfeita, mas que pessoalmente falando, não combinava comigo e nem com aquele momento, visto que eu gostaria de praticar algo que fosse expandir a criatividade e não algo preso e robusto. Eu queria algo leve e desprendido de regras.
Ao analisar todo aquele cenário que eu avistei ela com os cadernos e livros de ponto cruz eu pensei: “Deve existir algo bordado que faça mais sentido para mim”… e foi então que comecei a minha pesquisa sobre bordado livre e no mesmo dia iniciei a experiência.
Dei um jeito de comprar tecido de algodão, uma caneta fantasminha e um bastidor. Catuquei as velhas caixas com pedaços de linhas de meadas e falei: “Mãe, me ensina um ponto? Eu quero bordar!” E ela caiu na gargalhada e me respondeu: “Ué! Como assim, você quer bordar? Isso não é coisa de velha?” e eu respondi: “Pois é, estou ficando velha!” e rimos juntas!
Foi aí que ela me ensinou o meu primeiro ponto: O ponto atrás! E a partir dali eu percebi que de algum modo eu já sabia o que fazer… tudo fez sentido!
Naquele momento eu havia escolhido um desenho simples, que fosse fácil de fazer para ter rapidamente aquele bordado pronto. Porém, a cada ponto eu me transportava para uma sensação de paz e nostalgia, como se eu estivesse tocando em algo ancestral e profundo. A perfeição não era o objetivo, o importante era sentir a textura do tecido, o deslizar da linha, o barulho da agulha e ver o desenho ganhar vida aos poucos, até compreender que o bordado não é pressa, e sim, calmaria!
Este quadro foi o começo de uma jornada de compreensão do poder transformador que o bordado tem. A partir dele senti a conexão não apenas com a minha criatividade, como também com a geração de mulheres que vieram antes de mim e principalmente, minha mãe.
Hoje, ao olhar para esse primeiro quadro, vejo mais do que uma peça decorativa que coloquei pendurada bem na entrada de minha casa… eu vejo o começo de uma história de amor com o bordado! Essa arte que é ao mesmo tempo, fuga e âncora, um lugar seguro onde posso me expressar e me reconectar com algo muito maior do que eu possa imaginar!
Meu primeiro bordado, meu Lar doce Lar de um começo ainda sem fim!