Pontos de saudade: Recordações da Casa de Vovó

Muito mais do que criar uma arte em tecido, bordar Casa de Vovó é reviver memórias de aconchego de um lar onde os detalhes carregam afetos de inimagináveis dimensões!

As linhas que formam os tijolinhos, criam a textura da parede externa, o brilho no vidral e a porta convidativamente acolhedora onde cada ponto é uma conexão com o passado vivido com tanta ternura.

Casa de Vovó, não é apenas espaço físico ou um simples quadro bordado a mão! Casa de Vovó é simbolo de amor incondicional, de acolhimento e tradições!

As cores e pontos, foram cuidadosamente escolhidas por memórias afetivas que refletem um pouco da realidade vivida na casa de minha avó, bem como o carinho que ela remete. Essa criação visa representar o lugar que foi de minha vovó, mantendo viva a memória daquele espaço de abrigo para mim. Mas busca também fazer você sentir, se conectar, se identificar e enxergar todo o amor contido, também em sua Casa de Vovó!

Ao abrir o baú de memórias, eis que surge em essência um lar, que ao ser transformado em bordado, vira a arte que transmite calor e saudade!

Raízes de Afeto: O valor de preservar as lembranças dos avós

Cultivar memórias afetivas da Casa de Vovó é manter acesa a chama que ilumina nossa história e identidade.

Essas memórias nos conectam a nossas raízes, nos lembram de onde viemos e nos ensinam a importância do cuidado, da paciência e da simplicidade.

Essas lembranças nos fortalecem emocionalmente, proporcionando um refúgio mental para onde podemos voltar sempre que a vida nos desafia. Elas nos ensinam que, mesmo nos momentos difíceis, sempre existirá um lugar de conforto e segurança, mesmo que seja em nossa memória. Além disso, ao cultivar essas memórias, perpetuamos a sabedoria e os valores que nossos avós nos transmitiram, garantindo que suas lições continuem a viver por meio de nós e das próximas gerações.

Portanto, valorizar e preservar essas memórias é essencial para construir um futuro enraizado em amor, respeito e tradição. Pois em cada lembrança da Casa de Vovó, há uma lição de vida e um lembrete de que as coisas mais importantes não são materiais, mas os momentos vividos!

Nosso jardim em fios: Burle Marx bordado a mão

Fonte inesgotável de inspiração, assim, sempre são os jardins! E o que dizer dos Jardins de Burle Marx?
Roberto Burle Marx, esse artista completo que produziu centenas de pinturas, esculturas, desenhos, cerâmicas e mais de 3.000 jardins em 20 países! Deixou sua marca tão única em várias cidades do Brasil e tão intensa, principalmente aqui na cidade do Rio de Janeiro – RJ.

Nosso quadro, NOSSO JARDIM, inteiro bordado à mão em sua perfeita harmonia entre cada ponto, traz essa homenagem ao artista conhecido por sua exuberância e sensibilidade. Traz o jardim da era modernista através do bordado e busca captar a essência marcante dos traços orgânicos e geométricos que caracterizam o estilo de Burle Marx.

Processo de criação: Do desenho ao quadro

Para desenvolver o NOSSO JARDIM, foi necessário compreender primeiramente a estrutura real de formação dos projetos paisagísticos de Roberto Burle Marx. Onde percebi que o artista misturava espécies e formas, fazendo nascer algo novo e especial. Isso, levou a escolha da variação dos pontos de bordado que utilizamos. O cuidado da diferenciação desses espaços, para verdadeiramente lembrar o jardim do autor.

Utilizando uma paleta de cores verdes vibrantes, cada fio foi cuidadosamente selecionado para representar a rica diversidade da flora dos icônicos jardins do artista, mais especificamente, inspirado no jardim do Ministério da Educação e Saúde Pública do Estado do Rio de Janeiro, o Palácio Capanema, um patrimônio histórico e de reconhecimento internacional. Um dos primeiros projetos de Roberto Burle Marx, no final dos anos 30 que contou com a participação de grandes nomes como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

A composição meticulosamente planejada, reflete o equilíbrio entre a natureza e a arte, com formas fluídas que se entrelaçam harmoniosamente, evocando a beleza natural e a visão paisagística transformada em bordado.

Escolher a moldura em madeira nobre, almeja uma maior aproximação com a natureza e seu estilo flutuante exposto e sem vidro, propositalmente, busca o encontro com o outro, através da experiência visual e tátil que transporta o observador para o universo encantador de Burle Marx e, ao mesmo tempo, cria uma conexão com nosso estilo de viver essa arte.

A importância de valorizar o que é nosso

Muito mais do que uma peça de arte bordada a mão, este quadro é um tributo à preservação da memória de Roberto Burle Marx e de seu legado para a cultura, história e meio ambiente do Brasil.

Em tempos de aceleradas mudanças e transformações urbanas, é essencial a manutenção da conservação e celebração, da herança deixada por ele, cuja visão integrava arte, arquitetura e ecologia, de forma única e esplêndida.

Através dessa obra, mantemos viva a conexão com os jardins e paisagens que Burle Marx criou, nos lembrando da importância de proteger e valorizar o patrimônio natural que ele nos deixou.

A peça foi criada ao longo de mais de 30 dias de dedicação intensa, há quatro mãos, onde cada ponto foi pensado para honrar a grandiosidade do trabalho de Roberto Burle Marx.

Ao olhar para a arte, o pensamento diz “Como eu poderia deixar de me identificar com suas obras? Como eu poderia não me inspirar em você, Burle Marx?! Como eu queria ter te conhecido”… Um quadro verdadeiramente, especial.

Arte e simplicidade: Bem-te-vi e bordei

O Bem-te-vi, com o encanto de suas cores é um pássaro comum em todo o território brasileiro. Seu nome deriva do som de seu canto inconfundível e que muitos descrevem como uma saudação alegre ao amanhecer ou entardecer. Conhecida por ser uma ave resiliente e adaptável o Bem-te-vi simboliza a conexão com a natureza e a beleza das pequenas coisas da vida!

Muito mais do que uma figura frequente no cenário natural ele também remete à simplicidade e à pureza. Sua presença constante nas paisagens rurais e ainda urbanas, nos lembra que, mesmo em meio a correria da vida moderna, há beleza naquilo que é simples e genuíno. E essa filosofia reflete diretamente ao bordado manual e por isso, ele foi o pássaro escolhido para inaugurar a categoria ARTES de nosso blog, dando início a um projeto lindo que vem sendo sonhado e planejado já algum tempo!

O ato de bordar um pássaro tão simples e ao mesmo tempo tão vibrante é uma celebração à vida tranquila e serena e um lembrete da importância de se valorizar o natural e autêntico.

Processo de criação: Do desenho ao quadro

Na vida real, o pássaro Bem-te-vi é considerado uma ave de médio porte, medindo entre 22 e 25 cm de comprimento e pesando aproximadamente 60 gramas de pura alegria e cantarolar!

Para desenvolver a nossa versão do Bem-te-vi bordada, o processo se iniciou com o desenho e escolha do tamanho. A intenção foi de criar um quadro que se encaixe em qualquer mini lugar. Para isso, optamos pelo tamanho do pássaro de até 10 cm total e moldura de 14,5 a 15 cm, também produzida por nós, em madeira nobre e estilo flutuante para trazer a proximidade do contato entre a pessoa e arte.

Utilizando uma paleta de cores que remete ao pássaro, com tons de amarelo, marrom, preto e branco, a figura ganha vida em cada entrelaçar de fios. No bordado feito a mão, em tecido de algodão cru, utiliza se a técnica do ponto matiz, ponto cheio, ponto reto e ponto atrás.

Do posicionamento correto das cores até o ajuste da tensão do fio, o bordado ganhou forma pouco a pouco em ritmo que respeitou a arte tradicional e as nuances da criação.

A importância do bordado manual na contemporaneidade

Assim como o canto do Bem-te-vi é uma pausa no ruído da cidade o bordado manual oferece uma pausa na aceleração do dia a dia da vida. Um espaço para se apreciar o que é feito com carinho e cuidado.

Cada quadro bordado a mão é uma obra de arte singular, com suas imperfeições e peculiaridades, mas também com sua beleza única e incomparável. E assim como o Bem-te-vi nos lembra de observar o mundo com leveza eu te convido a encontrar a beleza na simplicidade! Em cada ponto e em cada detalhe há uma história sendo contada, há amor, paciência e propósitos!

Para decorar, para presentear, para sentir, para conhecer, para paralisar, para refletir. Para celebrar a beleza do simples e verdadeiro em meio ao caos do mundo atual.

O primeiro quadro bordado: O começo sem fim!

Dia 13 de abril de 2021, foi a data de criação do nosso primeiro quadro! Um marco especial em minha trajetória com o bordado manual. Lembro me claramente da ansiedade e do entusiasmo que me invadiram ao tomar a iniciativa de começar a bordar, sem saber ao certo o que esperar e mal sabendo pegar na agulha! Pequeno era o projeto e gigante era o desafio e significado!

Estávamos no meio da pandemia do Covid 19 e foi um momento muito importante pela aproximação que tive com a minha mãe diante da situação de confinamento mundial e aí então, eu resolvi olhar para ela e entender todo o universo que já existia desde que nasci, mas eu nunca havia parado para compreender.

Minha mãe, a dona Dilma, que hoje aos 76 anos e bordadeira desde os 10. Bordar para ela, na infância, era como a tarefa da casa: todos os dias deveria ser feito!

Sua especialidade: ponto cruz! Uma técnica linda e perfeita, mas que pessoalmente falando, não combinava comigo e nem com aquele momento, visto que eu gostaria de praticar algo que fosse expandir a criatividade e não algo preso e robusto. Eu queria algo leve e desprendido de regras.

Ao analisar todo aquele cenário que eu avistei ela com os cadernos e livros de ponto cruz eu pensei: “Deve existir algo bordado que faça mais sentido para mim”… e foi então que comecei a minha pesquisa sobre bordado livre e no mesmo dia iniciei a experiência.

Dei um jeito de comprar tecido de algodão, uma caneta fantasminha e um bastidor. Catuquei as velhas caixas com pedaços de linhas de meadas e falei: “Mãe, me ensina um ponto? Eu quero bordar!” E ela caiu na gargalhada e me respondeu: “Ué! Como assim, você quer bordar? Isso não é coisa de velha?” e eu respondi: “Pois é, estou ficando velha!” e rimos juntas!

Foi aí que ela me ensinou o meu primeiro ponto: O ponto atrás! E a partir dali eu percebi que de algum modo eu já sabia o que fazer… tudo fez sentido!

Naquele momento eu havia escolhido um desenho simples, que fosse fácil de fazer para ter rapidamente aquele bordado pronto. Porém, a cada ponto eu me transportava para uma sensação de paz e nostalgia, como se eu estivesse tocando em algo ancestral e profundo. A perfeição não era o objetivo, o importante era sentir a textura do tecido, o deslizar da linha, o barulho da agulha e ver o desenho ganhar vida aos poucos, até compreender que o bordado não é pressa, e sim, calmaria!

Este quadro foi o começo de uma jornada de compreensão do poder transformador que o bordado tem. A partir dele senti a conexão não apenas com a minha criatividade, como também com a geração de mulheres que vieram antes de mim e principalmente, minha mãe.

Hoje, ao olhar para esse primeiro quadro, vejo mais do que uma peça decorativa que coloquei pendurada bem na entrada de minha casa… eu vejo o começo de uma história de amor com o bordado! Essa arte que é ao mesmo tempo, fuga e âncora, um lugar seguro onde posso me expressar e me reconectar com algo muito maior do que eu possa imaginar!

Meu primeiro bordado, meu Lar doce Lar de um começo ainda sem fim!

Bordado Manual e Memórias: Resgate e criação histórias

Bordar sempre foi mais do que apenas uma atividade manual. Bordar é expressar e eternizar histórias, sentimentos e raízes. Cada ponto, cada linha, carrega um pouco de quem somos e de onde viemos.

O blog Café e Arte nasce da vontade de compartilhar nossas vivências com o bordado e através disso, conectar gerações, mostrando toda a beleza ancestral que habita em cada peça que criamos.

Venho de uma geração que se acostumou a compartilhar o seu dia a dia em plataformas de blog e fotolog, onde as fotos não apenas registravam momentos, mas também e principalmente, se preocupavam sempre em ter algo importante a dizer! Algo minucioso, detalhado, sem pressa… algo que pudesse de algum modo, através da escrita, alcançar o outro lado da tela do computador (hoje dos celulares!).

Agora, com o blog, a ideia é resgatar essa mesma essência, contando toda a história dos trabalhos bordados e seus processos criativos, nos melhores detalhes possíveis.

O bordado manual, tão delicado e único, é arte! Ele é herança passada de geração em geração, que faz manter viva as tradições de nossos ancestrais. Em cada técnica, há séculos de histórias! Bordar é uma forma de honrar essas raízes, se conectando com o passado e, ao mesmo tempo, criando algo novo, que carregará sua própria história para o futuro.

Queremos compartilhar todos os principais momentos da nossa jornada com as agulhas, linhas e tecidos, destacando toda a relevância do nosso trabalho e buscando levar entendimento através das expressões de arte.

Que este espaço seja um lugar de inspirações, trocas, experiências e propagações da rica tradição que é bordar e contar histórias!

Bem vindos, artlovers!!!